Cotidiano

Uma Jornada de Aprendizado e Conexão

A experiência vivida no Vale dos Ipês , situado no Quilombo Pau de Leite , na cidade de Mirandiba, Pernambuco, foi uma jornada transformadora. Professores e pesquisadores dos programas Polinizar e Cuidar de Si embarcaram nessa imersão carregados de expectativas, conhecimento e desejo de troca. Antes mesmo da viagem, o grupo já interagia ativamente, compartilhando experiências e estudando a dissertação de Ângela Schepp, a quilombola que nos receberia. O sonho de vivenciar esse espaço e conectar-se com suas histórias já se desenhava em nossos corações.

Chegada e Primeira Conexão

Na noite de quinta-feira, fomos calorosamente recepcionados no Vale dos Ipês. A família anfitriã, composta por Luiz Schepp, Ângela Schepp, Camilo Schepp e Luana Schepp, nos acolheu com um jantar sertanejo farto e repleto de afetividade. Entre sabores e sorrisos, iniciamos a imersão, reconhecendo a grandeza da jornada que se iniciava.

Sexta-feira: O Despertar da Tradição

Ao amanhecer, fomos despertados pela melodia envolvente de Camilo, que nos convidou a iniciar o dia com leveza e alegria. Em seguida, compartilhamos um café da manhã reforçado, repleto de sabores regionais e boas conversas. Logo depois, participamos de uma dinâmica guiada por Maria Cleide Carvalho, consteladora familiar, que nos proporcionou reflexões profundas sobre nosso papel na jornada.

Partimos então para explorar Mirandiba. A cidade nos recebeu com sua feira vibrante, onde saboreamos caldo de cana, conhecemos artesãos e absorvemos a cultura local. Nossa próxima parada foi o Quilombo do Feijão, onde Mazé nos guiou por uma viagem emocionante através da história, conquistas e desafios enfrentados pela comunidade.

Ao retornarmos ao Vale dos Ipês, um almoço delicioso nos aguardava, seguido por um momento de troca com Luiz, patriarca do local. Sob a sombra de uma árvore, ouvimos atentamente suas histórias e nos aprofundamos na sabedoria quilombola. O entardecer nos reservava uma vivência singular: a imersão no universo das abelhas. Conhecemos o processo de produção do mel, participamos da extração e compreendemos a importância desse saber tradicional. Para encerrar a noite, compartilhamos um banquete repleto de sabores, risadas e reflexões.

Sábado: Conectando-se com as Raízes

Mais uma vez embalados pela melodia de Camilo, despertamos ao amanhecer para a Trilha Ancestral. Guiados por Luiz Schepp e Ângela Schepp, percorremos caminhos repletos de história e espiritualidade. O percurso nos permitiu uma imersão profunda na ancestralidade e nos ensinamentos transmitidos pelas gerações do quilombo.

O sábado seguiu com a oficina “Vivência da Cozinha Ancestral”, conduzida por Ângela Schepp. Aprendemos sobre os alimentos que nos nutriam diariamente, compreendendo o papel de cada ingrediente na cultura quilombola. No final da manhã, saboreamos um almoço especial, fruto desse aprendizado.

No entardecer, participamos da “Oficina das Bonecas Ancestrais”, facilitada por Ângela Brainer, astróloga, pedagoga e filósofa. Entre retalhos e conversas, confeccionamos bonecas carregadas de significado, refletindo sobre identidade, gênero e negritude.

A noite culminou na “Festa da Felicidade”, um momento de celebração e partilha, marcado pela presença de líderes comunitários e autoridades locais. O jantar, preparado com os alimentos da oficina da manhã, foi um banquete que reforçou o valor da coletividade.

Domingo: Encerramento e Renovação

O último dia amanheceu carregado de saudade. Durante o café da manhã, já sentíamos a nostalgia da partida. Recebemos visitantes do Quilombo Várzea do Tiro e, ao lado de Dora Mariano, mãe de Ângela Schepp e rezadeira, participamos de uma roda de conversa com benzedeiras e raizeiras. Em um ritual de cura e conexão espiritual, fomos abençoados por suas orações, renovando nossas energias.

Em seguida, cada dupla plantou sua árvore escolhida no início da jornada, simbolizando a continuidade da relação entre nós e o Quilombo Pau de Leite. O almoço final trouxe um último momento de partilha, seguido por um emocionante encerramento conduzido por Ângela. Sob a copa das árvores, celebramos tudo o que vivemos, refletimos sobre as transformações internas que ali se iniciaram e nos despedimos desse solo sagrado.

Consolidação

O retorno para casa foi carregado de reflexões e gratidão. A imersão no Vale dos Ipês foi muito mais do que uma experiência de aprendizagem; foi um reencontro com a história, com a ancestralidade e com o poder das comunidades quilombolas. Saímos dali transformados, levando na alma a certeza de que essa conexão permanecerá viva dentro de nós.

Informações

https://www.instagram.com/vale_dos_ipes_quilombo